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21 de março: Dia Internacional das Florestas

Categoria: Meio ambiente

FLORESTAS E REFLORESTAMENTO: TRAZENDO A VIDA DE VOLTA

Foi no ano de 1987 que o fundador da Comunidade-Luz Figueira, José Trigueirinho Netto, junto a um grupo de pioneiros, deu início aos primeiros projetos de como seriam as construções e a vida na comunidade. E sabem onde ele calçou o primeiro pilar dessa nova vida? Nas matas que ainda restavam em torno dos terrenos adquiridos para este fim.

Esse local, no passado, era usado para a pastagem de gado e para um intenso plantio de café.  Sabendo disso, o grupo se deparou com o desafio de preservar o verde que restou para que a fauna e a flora pudessem se desenvolver e ter um acolhimento especial.

Trigueirinho, então, propôs que primeiramente fossem traçados os locais de preservação dessas matas, considerando este o ponto mais importante para o desenvolvimento futuro do trabalho. Em seguida, seriam delimitados os locais de plantio para alimentação e, por último, os pontos destinados para as construções.

Foi a partir desse exemplo de amor e respeito à natureza que tudo o que se fez na Comunidade-Luz, e tudo o que se faz atualmente, tem como princípio o compromisso de não apenas proteger, mas também de restaurar e resgatar a biodiversidade que existe e que está por se manifestar em toda essa extensa área verde.

Recomposição florestal

A importância de nutrir o bioma da região para que também possamos ser nutridos por ele.

Não basta reflorestar. É preciso recompor a vegetação original daquele local para que o seu bioma* possa ser nutrido com as espécies que são próprias daquele clima, solo, e de toda a vida manifestada por Deus para aquele ponto da Terra.

Com esse conhecimento, vemos que a vida vegetal se distribui com imensa sabedoria. Cabe ao homem observar e contribuir para que essa riqueza natural siga seu curso e possa se manifestar cada vez mais com novas espécies, ou com a preservação daqueles vegetais antigos e de extrema importância para a vida de todos os que habitam aquela determinada região.

Na Comunidade-Luz Figueira, as ações relacionadas à proteção da biodiversidade, e ao desenvolvimento sustentável de toda a Comunidade-Luz, procuram criar um impacto positivo e significativo por meio de ações relacionadas a práticas agroflorestais, criando sistemas para o uso da terra, por meio de técnicas de plantio e manejo em que as espécies de árvores são contempladas nos mesmos locais do cultivo agrícola destinado à alimentação de centenas de pessoas que residem e/ou colaboram com a Comunidade-Luz.

Nesse conceito de plantio estão agrupados desde consórcios, visando a interação de poucas espécies, até sistemas com grande biodiversidade e complexidade de manejo.

“Aí está uma mudança de paradigma ao lidar com a natureza. A relação entre SAFs (Sistemas Agroflorestais) e sustentabilidade traz uma visão baseada em uma dinâmica interativa, a qual cria condições propícias para estabelecer espaços que acelerem naturalmente o processo de sucessão ecológica, ativando inclusive a memória do solo. Isto acaba se refletindo no macro organismo que é o planeta como um todo”, afirma Frei Renatto, coordenador do Setor de Plantios e um dos responsáveis pela recomposição florestal na Comunidade-Luz.

Segundo ele, ainda mais importante do que conhecer os elementos que compõem um sistema agroflorestal produtivo, é compreender a essência, a sequência e as intervenções que o ser humano pode criar e oferecer ao meio ambiente, auxiliando na restauração ambiental.

Em outras palavras, dentro dessa visão participativa, as árvores interagem entre si e com as outras plantas, bem como toda a Comunidade-Luz interage com a vida das espécies nativas ou cultivadas, com o fim de que todos possam se ajudar mutuamente.

*Bioma: grandes ecossistemas que em toda a sua extensão apresentam aspectos semelhantes de clima, tipo de solo, relevo, regime de chuvas e latitude.  Exemplos: Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Floresta Amazônica, etc.

Recuperando áreas degradadas e incentivando o companheirismo entre as árvores

Como dissemos, na agrofloresta quase tudo se baseia nos princípios da sucessão ecológica dos SAFs biodiversos. 

Esses princípios de manejo têm como objetivo a recuperação de áreas degradadas e a produção de alimentos de forma integrada, utilizando espécies nativas, inclusive aquelas ameaçadas de extinção, e espécies exóticas (originárias de outros países, mas totalmente adaptadas ao Brasil) simultaneamente. Isso porque as árvores possuem um mecanismo de revezamento que faz com que uma ajude a outra. Por exemplo: existem as árvores pioneiras que têm uma vida mais curta, gostam de sol, crescem rápido e proporcionam sombra para aquelas que crescerão mais devagar e que terão, em compensação, uma vida mais longa. Essas últimas são chamadas de não-pioneiras (secundárias)*, as quais, por sua vez, oferecerão as condições para o crescimento das secundárias tardias e para as espécies da última escala de sucessão vegetal - as árvores clímax, que têm um destino traçado: sobreporem-se às demais, reinando absolutas na floresta por centenas de anos.

Outro ponto a ressaltar: essa diversidade entre espécies mantém vivo e ativo todo o ecossistema. Já a falta dessa diversidade pode levar os reflorestamentos feitos a partir de pouca variedade de espécies (em geral só pioneiras) a um declínio em poucos anos.

Por meio dos SAFs outra importante função é cumprida: cultivar corredores ecológicos, interligando as matas com a finalidade de permitir o deslocamento seguro da fauna silvestre, seja pela recuperação de áreas degradadas, seja pelo estabelecimento de pequenas ilhas florestais que passam a ser verdadeiros redutos silvestres. Com isso, os animais podem contar com uma oferta de alimentos distribuída ao longo do ano, e assim, colaborar com a regeneração das matas, visto serem altamente capacitados pela própria Mãe Natureza para cumprirem este papel.

*Atualmente vamos encontrar apenas a classificação de “pioneiras” e “não pioneiras”, porém, é importante sabermos o nome dos grupos ecológicos ou sucessionais na sua origem, visto que os princípios da natureza permanecem os mesmos.

As áreas preservadas em Figueira representam 65% de toda a área da Comunidade-Luz.

Collaboration with forests, plants and devas - Trigueirinho

O Lado Sutil das Florestas (baseado no livro “Anjos Verdes” da Irdin Editora)

Quando os sentimentos se ampliam, percebemos que muito além do trabalho conhecido que cumprem no plano material, as árvores proporcionam um outro alívio aos seres humanos: transmitem estabilidade, vigor e um tipo de serenidade que nos pacifica.

O filósofo e escritor inglês Paul Brunton dizia que uma floresta é um lugar de contentamento e dignidade.

E por que nos sentimos tão bem dentro da mata? Tente estar junto a uma árvore, com o coração aberto… você vai perceber algo em seu íntimo.

No reino vegetal as árvores funcionam como sacerdotisas, elevando ao céu o que na terra se passa e trazendo para a terra energias celestes que são captadas pelas folhas, descem pelos troncos e se infiltram no solo por meio das raízes. Isso é contínuo. E é por isso que as árvores podem atuar sobre a aura humana, retirando dela material espúrio, resquícios de sentimentos, desejos e pensamentos desatualizados, aliviando-nos de pesos desnecessários. Quando em grupo, formando uma floresta ou um bosque de qualquer tamanho, as árvores multiplicam esses poderes, favorecendo toda a vida ao redor.

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VIVA A NATUREZA E A FRATERNIDADE

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